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Seja fazendo dupla com queijo, no tradicional doce Romeu e Julieta, ou como matéria-prima até mesmo de ketchup, a goiaba é destaque em inúmeras receitas. E o incentivo para incluí-la no cardápio atualmente está no preço baixo: em junho, o quilo chegou a R$ 3, o menor valor dos últimos dois anos, no atacado do entreposto de Contagem da CeasaMinas. Quando comparado ao mês de maio, o valor foi 8,5% menor e, em relação a junho de 2018, a queda foi de 12,3%.
A situação para o consumidor foi ainda melhor entre 1 e 17 de julho, quando o preço recuou para R$ 2,98/kg. De acordo com o chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, uma das causas dos preços mais baixos está no bom volume da fruta no entreposto. "A oferta de goiaba no primeiro semestre foi 2,5% maior em relação ao mesmo período do ano passado, o que ajuda a explicar o atual cenário de preços".
O produtor rural Sebastião Bordalo, do município de Tocantins (MG), afirma que investiu no aumento da sua produção em 50% há quatro anos. "Como o ciclo comercial da goiaba é de uns três anos, o resultado começou a aparecer na safra do ano passado e se mantém neste ano", explica.
Ele acredita que um fator que tem estimulado muitos produtores são os custos relativamente menores do cultivo, que não envolve gastos tão elevados em fertilizantes e agrotóxicos. "E ainda há a opção de vender para a indústria de sucos e doces, o que não é um mau negócio. Geralmente, os pequenos produtores vendem mais para o varejo, e os grandes, para a indústria", ressalta Bordalo, que comercializa no Mercado Livre do Produtor de Contagem (MLP).
O produtor oferta as variedades paluma e pedro sato. A primeira estava sendo comercializada, em média, a R$ 15 (cx de 7 kg), no atacado, no último dia 17/7. "Ela é uma variedade mais apropriada para fabricação de doce e suco, pois tem mais polpa. Entretanto, possui menor durabilidade". Já a variedade pedro sato estava a R$ 20 (cx de 7kg). "Ela é maior que a outra e, por isso, possui mais apelo visual. Tem menos polpa, mas possui maior durabilidade". Vale lembrar que a durabilidade é um atributo importante para o varejista, como forma de prevenir perdas dos produtos expostos nas bancas.
Demanda Outra causa para retração dos preços da goiaba é o frio, que reduz a demanda. Isso porque, nesta época, a maior parte dos consumidores acaba priorizando alimentos associados a pratos quentes. "Percebemos uma queda de 30% na procura no último mês", destaca o vendedor Marcos Lásaro Silva Morais, do município de Barbacena (MG). Ele é responsável por comercializar a produção do pai, o produtor José Lásaro Mendes Morais, na CeasaMinas. Ele pontua que, além das baixas temperaturas, as férias escolares deixaram o mercado mais fraco neste mês.
Morais comercializa a variedade cortibel, cujo preço pode variar em razão do tamanho da fruta. A mais cara era vendida a R$ 25 (cx de 6kg) e a mais barata, a R$ 10 (cx de 6kg), no dia 17/7. "A variedade que hoje é cotada em R$ 25 era vendida entre R$ 30 e R$ 35, durante o pico de alta do preço em 2018, no mês de novembro".
Apesar das oscilações, ele ressalta que os preços da goiaba não variam tanto como ocorre em outros produtos. "Não são iguais aos preços do tomate, por exemplo, que vão do céu ao inferno".
Entre as empresas que comercializam a fruta na CeasaMinas, a Val é especializada em goiabas. Segundo o vendedor Eduardo Custódio da Silva, o foco da empresa são frutos maiores, com texturas e sabores diferenciados. Em razão disso, conforme ele explica, os preços não são tão sujeitos às variações de safra, como ocorre no MLP. "Nós acompanhamos os preços de São Paulo e já temos os clientes fiéis que conhecem nossa qualidade".
As três principais variedades ofertadas na loja do entreposto são a paluma, a tailandesa e a pedro sato. A tailandesa chama a atenção pela casca crocante e, segundo Silva, possui maior durabilidade, sendo indicada para consumo in natura. No último dia 17, a caixa com cinco quilos era vendida por R$ 30, em média.
Patrimônio imaterial Entre os maiores compradores da loja estão produtores de goiabada vindos de dois dos municípios mineiros mais tradicionais no preparo do doce: Ponte Nova, na Zona da Mata, e São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto, na mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte. Ambos os municípios detêm títulos que atestam a goiabada como patrimônio imaterial, em reconhecimento ao modo específico de produção local.
Procedência Apesar da tradição mineira na fabricação da goiabada, é o estado de São Paulo que lidera a oferta da fruta no entreposto de Contagem. Em 2018, os municípios paulistas foram responsáveis por 55,4% das goiabas ofertadas, seguidos por Minas Gerais (32,1%) e Paraná (11,8%). Entre os municípios mineiros, destaca-se Paula Cândido, na Zona da Mata, responsável por 10,1% do total ofertado.
Demais dados sobre goiaba, incluindo o Boletim Diário de Preços, podem ser consultados pelo link Informações de Mercado do site da CeasaMinas.
Mais informações: Departamento de Comunicação CeasaMinas (31) 3399-2011/2035/2036
Notícia de 22/07/2019.
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