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 Entre caixas e mais caixas de frutas, legumes e verduras, o carregador Eustáquio Pereira conduz seu carrinho diariamente no MLP da CeasaMinas para “defender o pão de cada dia”, como ele mesmo diz. As mesmas mãos, já calejadas, que durante o dia chegam a puxar até 500 quilos em cada viagem, à noite têm seu momento de redenção: a dureza do carrinho dá lugar à leveza da caneta.
Eustáquio Pereira, conhecido como Azulão, já nem se lembra mais exatamente há quanto tempo trabalha como carregador autônomo no MLP. “São cerca de 40 anos”, simplifica. Desde cedo, sentia vontade de fazer arte, mas nunca tirou a ideia do papel. Até que ele se acidentou e, com a perna quebrada, foi obrigado a ficar sem trabalhar. Para ocupar o tempo, resolveu fazer os primeiros rabiscos.
Desde então, não parou mais de desenhar no seu tempo livre, sempre com as mesmas canetas nas cores vermelho e azul. “Essas eram as canetas que eu tinha em casa, então foi assim que eu fiz”, explica. Quando perguntado se adicionaria mais cores caso tivesse acesso a novas canetas, a resposta é não. “Acabei gostando da forma como fica assim”, diz.
Aos 69 anos, Eustáquio acredita que a arte não tem apenas proporcionado prazer, mas também saúde. “Com a minha idade, é bom ter alguma atividade para desenvolver sua mente”, diz. Depois do desenho, foi a vez da música entrar na sua vida, por meio de composições. Como isso aconteceu? “Assim como Deus criou o universo, eu crio as músicas. Não tem muita explicação. É um dom”, afirma.
Departamento de Comunicação: 31 3399-2011/2012/2035/2036 Notícia de 03/01/2023.
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